terça-feira, 29 de setembro de 2020

Estou em Bruxelas...

 Estou o dia todo numa reunião anual, Europeia...

Não...Apanhei o avião da TAP sempre atrasado!

Não...Cheguei ao Aeroporto de Bruxelas, sempre apinhado de gente...e Não...dei com o meu trolley em dezenas de pessoas a tentar chegar ao comboio!

Não...Comi qualquer coisa rápida na Place St Catherine, para depois ir descansar!

Não...Bebi o meu café da manhã na Grand-Place, antes de ir para Shuman para a reunião.

Não...Encontrei pessoas que não vejo durante meses!

Não...Comi o Sushi no Aeroporto, à espera do voo de volta.

Não...Estive com as minhas colegas na conversa e na risota à espera do avião da TAP (sempre atrasado!)

Estou no escritório, sozinha, a falar para uma máquina, a ver e ouvir alguém do outro lado ecrã.

Bebi um expresso e dei os bons dias a todos os que estão no Ecrã!!

Atrás do ecrã não há vistas, gentes, conversas cruzadas, olhares de empatia ou discórdia!

Acabada a reunião, desligamos o ecrã e continuamos no escritório, sozinhos! Sem vistas e sem gentes!!!

Que tempos frios, estes!!!!

(2020 - ano da Pandemia COVID)




quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Abandono da "Humanidade"

 

Ontem, parei para ajudar uma senhora idosa cujo cão tinha sido atropelado:

 

Quem atropelou, não parou e seguiu como nada fosse!

 

A senhora aflita, sem mobilidade e já com uma mordidela do seu cão ferido, só pedia ajuda para o cão.

 

Entre eu e outro rapaz que também logo apareceu para socorrer...lá levámos o cão ao veterinário (sempre com a senhora idosa), mas infelizmente o cão não sobreviveu...

 

...este cão, era a única companhia desta senhora. 

 

Quando lhe demos a notícia tememos pela sua vida: hipertensa e já de uma certa idade, começou a sentir-se mal e só dizia ...” aí, o amor da minha vida, a minha companhia!”

 

Tentámos saber se tinha alguém e lá descobrimos que tinha duas filhas...” mas elas não querem saber de mim!”.

 

Insisti e depois de algumas voltas, lá consegui ligar para uma das filhas a explicar a situação, e que a mãe estava mal e que nós eramos dois estranhos e que a senhora precisava de ir para o Hospital...

 

...cada resposta da filha ao meu apelo era pior que a anterior e lá acabei por dizer: vamos levar a sua mãe para o Hospital!

 

E levámos! Com um sentimento de revolta: a senhora desorientada, triste, a chorar, a tremer, a querer desmaiar, estava entregue a dois estranhos! E só agradecia e pedia para não a deixarmos!

 

Ficou internada e nem sei se alguma filha apareceu, mas foi-nos dito que era um caso já conhecido: abandono familiar! 

 

Este não é um conto daqueles que às vezes me passam pela cabeça. 

Vivi isto tudo ontem a vivo e a cores.

 

...que Humanidade é esta? 



(Imagem retirada da Internet)

 

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

"Fernão, mentes? Minto!"

Fernão Mendes Pinto foi achincalhado, no Século XVII, porque o seu relato de viagens – Peregrinação – não parecia verosímil. 
No Século XXI, em plena pandemia, Brandão faz-me lembrar Fernão, tal a “fantasia” que nos quer impor sobre as Escolas em Portugal em tempo de pandemia.
 
Vi-o e ao Primeiro Ministro em peregrinação por algumas escolas, mas o que relataram não é a realidade. E fez-me pensar nisto tudo.
 
O problema das Escolas e Ensino em Portugal não é a pandemia do Século XXI, este problema é estruturante em Portugal, ora vejamos:
 
As turmas com 28/30 alunos, já não são de hoje. 
As Escolas são insuficientes e esta é a única forma de os albergar a todos. 
Ora, já vimos no passado muitos investimentos nas Escolas, mas...até a U.E. no relatório da Monitorização da Educação e Formação 2018 advertiu:
“O financiamento não é atribuído com base numa estratégia de avaliação abrangente e não dispõe da flexibilidade necessária fazer face a desafios específicos. A maior parte do financiamento do ensino público destina-se a escolas públicas ou escolas privadas dependentes do Estado. De acordo com os dados nacionais, mais de 90 % da despesa é destinada às remunerações (IGeFE, 2018). O investimento em infraestruturas de educação depende fortemente do apoio financeiro da UE. As escolas dispõem de uma autonomia orçamental muito limitada para dar resposta aos desafios. O financiamento escolar não está sujeito a objetivos nem à avaliação de resultados. “

Sugestão: começar a utilizar os financiamentos vindos da U.E. para construir mais Escolas, nem que seja uma ao lado das outras, diminuindo o rácio de Escolas/ Habitantes, e deixando de utilizar infraestruturas obsoletas como Escolas (por exemplo, em Évora são utilizados antigos conventos e as salas são as antigas celas...estão a visualizar o tamanho e as condições?!?!). Não deve ser difícil, e a Escola seria NÃO o que é hoje...e todos ganhavam: menos alunos por turma, mais facilidade de ensinar e aprender, mais necessidade de professores (mais emprego e rejuvenescimento da classe de professores), mais condições para que a Escola não seja apenas o “despejar” de matérias e se conseguisse atrair outras áreas: clubes de inovação, de artes, etc.
 
O que querem, hoje, é colocar o “Rossio na Betesga” ...impossível!!!!
 
Falta de professores e auxiliares, não é para dar resposta à crise pandémica. Já ando nestas andanças há pelo menos 10 anos...sempre houve falta!!!! E ontem o Brandão anunciou que estavam AGORA a abrir mais concursos???!!! 
 
E agora, perante isto, recebo os horários dos meus filhos e as turmas e tirando os circuitos desenhados na Escola, a obrigatoriedade de máscaras e álcool gel...é tudo igual...igual há décadas, igual aos tempos em que não tínhamos pandemia, nem Brandão, mas tínhamos outros que também nada fizeram.
 
Existe uma Diretiva, um consenso, o que lhe quiserem chamar (Competences for Democratic Culture, 2016), para o Século XXI pelo Conselho Europeu em que se procurou definir as competências da Educação que respeitasse os pilares do desenvolvimento. Entre outras coisas, que também seriam necessárias para a nossa Educação, este documento refere: ““Uma cultura de democracia requer, além de cidadãos competentesestruturas procedimentos políticos e jurídicos adequados para apoiar os cidadãos no exercício da sua competência” 
 
Vamos ser sérios, não vamos em peregrinação relatar o que não existe, o que não é verdade...vamos como se diz em português proverbial “Pegar o Touro pelos Cornos” ...se a história não me escapa quando Fernão Mendes Pinto foi achincalhado, já foi anos depois da sua morte...

...Brandão tem ainda oportunidade de ser sincero com os Portugueses e em vez de andar a relatar peregrinações inverosímeis, fazer acontecer, ter coragem de mudar, de utilizar os fundos que estão prometidos em prol deste pilar!!!!