Fernão Mendes Pinto foi achincalhado, no Século XVII, porque o seu relato de viagens – Peregrinação – não parecia verosímil.
No Século XXI, em plena pandemia, Brandão faz-me lembrar Fernão, tal a “fantasia” que nos quer impor sobre as Escolas em Portugal em tempo de pandemia.
Vi-o e ao Primeiro Ministro em peregrinação por algumas escolas, mas o que relataram não é a realidade. E fez-me pensar nisto tudo.
O problema das Escolas e Ensino em Portugal não é a pandemia do Século XXI, este problema é estruturante em Portugal, ora vejamos:
As turmas com 28/30 alunos, já não são de hoje.
As Escolas são insuficientes e esta é a única forma de os albergar a todos.
Ora, já vimos no passado muitos investimentos nas Escolas, mas...até a U.E. no relatório da Monitorização da Educação e Formação 2018 advertiu:
“O financiamento não é atribuído com base numa estratégia de avaliação abrangente e não dispõe da flexibilidade necessária fazer face a desafios específicos. A maior parte do financiamento do ensino público destina-se a escolas públicas ou escolas privadas dependentes do Estado. De acordo com os dados nacionais, mais de 90 % da despesa é destinada às remunerações (IGeFE, 2018). O investimento em infraestruturas de educação depende fortemente do apoio financeiro da UE. As escolas dispõem de uma autonomia orçamental muito limitada para dar resposta aos desafios. O financiamento escolar não está sujeito a objetivos nem à avaliação de resultados. “
Sugestão: começar a utilizar os financiamentos vindos da U.E. para construir mais Escolas, nem que seja uma ao lado das outras, diminuindo o rácio de Escolas/ Habitantes, e deixando de utilizar infraestruturas obsoletas como Escolas (por exemplo, em Évora são utilizados antigos conventos e as salas são as antigas celas...estão a visualizar o tamanho e as condições?!?!). Não deve ser difícil, e a Escola seria NÃO o que é hoje...e todos ganhavam: menos alunos por turma, mais facilidade de ensinar e aprender, mais necessidade de professores (mais emprego e rejuvenescimento da classe de professores), mais condições para que a Escola não seja apenas o “despejar” de matérias e se conseguisse atrair outras áreas: clubes de inovação, de artes, etc.
O que querem, hoje, é colocar o “Rossio na Betesga” ...impossível!!!!
Falta de professores e auxiliares, não é para dar resposta à crise pandémica. Já ando nestas andanças há pelo menos 10 anos...sempre houve falta!!!! E ontem o Brandão anunciou que estavam AGORA a abrir mais concursos???!!!
E agora, perante isto, recebo os horários dos meus filhos e as turmas e tirando os circuitos desenhados na Escola, a obrigatoriedade de máscaras e álcool gel...é tudo igual...igual há décadas, igual aos tempos em que não tínhamos pandemia, nem Brandão, mas tínhamos outros que também nada fizeram.
Existe uma Diretiva, um consenso, o que lhe quiserem chamar (Competences for Democratic Culture, 2016), para o Século XXI pelo Conselho Europeu em que se procurou definir as competências da Educação que respeitasse os pilares do desenvolvimento. Entre outras coisas, que também seriam necessárias para a nossa Educação, este documento refere: ““Uma cultura de democracia requer, além de cidadãos competentes, estruturas e procedimentos políticos e jurídicos adequados para apoiar os cidadãos no exercício da sua competência”
Vamos ser sérios, não vamos em peregrinação relatar o que não existe, o que não é verdade...vamos como se diz em português proverbial “Pegar o Touro pelos Cornos” ...se a história não me escapa quando Fernão Mendes Pinto foi achincalhado, já foi anos depois da sua morte...
...Brandão tem ainda oportunidade de ser sincero com os Portugueses e em vez de andar a relatar peregrinações inverosímeis, fazer acontecer, ter coragem de mudar, de utilizar os fundos que estão prometidos em prol deste pilar!!!!