domingo, 10 de abril de 2016

#Viagens_2 #Macau

Lembro-me que quando chegámos... e depois de me fazerem um questionário completo no aeroporto (vinda da China ou do Continente, não sei como diferenciam) sobre a diferença de altura que tinha no cartão de cidadão e a real, sobre a minha recente estada na Turquia e sobre sei lá mais o quê, e depois de não permitirem que os meus colegas esperassem por mim e depois de começar a ficar assustada e passados uns minutos me terem deixado passar porque uns Árabes vinham atrás de mim e deveriam ter mais matéria para chatearem...a primeira impressão que tive de Macau foi a melhor...

...o Hotel cheio de glamour, os quartos parecem T3s – Hotel/ Casino Rio e só o facto de ter casino no nome implica que nos peçam uma caução elevada (não vá perdermos tudo no jogo e fugirmos dali!!)... ...na primeira rua encontramos logo o Instituto Politécnico de Macau, escrito em Português...continuámos de passeio até à zona histórica, com alguns Monumentos e Locais considerados Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.

Aqui, entramos pela Largo do Senado onde se localiza o Edifício do Senado, a Santa Casa da Misericórdia e onde se sente a presença portuguesa na calçada. Mais à frente encontramos a Igreja de São Domingos. Aqui sentei-me um pouco a observar o movimento...há sempre muita gente na Rua, constatei que muitas crianças e gente alegre e todos pareciam turistas da China ou do Continente que tinham vindo às compras a Macau!....Não me enganei....Muitos mas muitos (porque são realmente muitos) carregam sacos de qualquer coisa que compram em Macau aos Kilos...discretamente consegui olhar para dentro de um saco pousado num muro e percebi que era qualquer coisa parecida com marmelada...
Continuámos pela Rua de São Paulo...aqui há imenso comércio e já não há muitas pessoas ... há milhares ...a andar para cima e para baixo e a tentarem não bater nas pessoas com os “paus das selfies”...que são muitos, mesmo!! Foi aqui que descobrimos que a “marmelada” é qualquer coisa feita com porco e é picante e doce (provou quem não é esquisito, e a cara que fez não motivou mais ninguém a provar). Descobri agora que é Ngau Ioc Cone (Chu - porco; Ngau-vaca; Ioc- carne; Cone-seco). A verdade é que deve ser uma iguaria para os chineses, tal a quantidade de sacos que se movimentavam por estes lados com a especialidade.
E chegamos ao ex libris desta zona, as Ruinas de São Paulo – Antiga Igreja de Madre de Deus e Colégio de São Paulo, onde só resta a fachada em Granito e a escadaria, depois de um incêndio no Século 19. Soube mais tarde que as escadarias motivam lendas sobre os tesouros dos Jesuítas, que terão ali sido enterrados depois de Marquês do Pombal ordenar a sua prisão, de forma a acabar com a influência jesuíta nos territórios e colónias de Portugal.
Daqui é fácil ir ao Museu de Macau, que conta a história das suas comunidades de forma muito gira ... as profissões, a sua evolução, os hábitos da sociedade, a medicina, os imperadores ...
O Bairro de São Lázaro um Bairro típico é também muito interessante e aqui encontramos o Albergue , um local que achei delicioso... é um conjunto de edifícios com uma praceta a meio que foi um albergue da Casa Misericórdia de Macau e remodelado pelo Arquiteto Português / Macaense Carlos Marreiros em 2003. Hoje é um espaço de artes e alberga o seu escritório, vários espaços de exposições e seminários, um restaurante e a Mercearia Portuguesa da artista Margarida Vila-nova . Lembro-me de uma árvore no meio, a que vou chamar a do Amor, uma vez que se prendem corações vermelhos à mesma com mensagens amorosas. Parece que é preciso muito tempo para esta volta...não...nós fizemo-la numa tarde porque também neste dia não havia tempo para mais e tínhamos que experimentar um Restaurante Português (sim, vindos da China, tudo o que ambicionávamos era iguarias portuguesas, tal a fominha que trazíamos). Não me lembro do nome mas foi numa das ruas da zona histórica e era muito bom! Fora da zona histórica mas mesmo assim suficientemente perto, era onde estávamos alojados, banhados por todos os lados de outros Hotéis/ Casinos. Aqui, começa a parte em que não gostei de Macau. Macau é uma cidade de jogo e turismo e tirando a parte histórica, Macau tem muitos edifícios imponentes e muito altos e quando uma Portuguesa me disse “Aqui, falta-me horizonte e céu” ... Depois de um dia e tal em Macau, foi isso exatamente que senti...apercebi-me também que ou se ama Macau ou se detesta (não estive tempo suficiente em Macau...mas penso que seria daquelas que detesta). Existem mesmo muitos Hotéis/ Casinos, abertos desde manhã e cheios de jogadores. No nosso Hotel, à entrada tem um casino e no 2º Piso outro, mas apenas para grandes aposta. Soube disto porque me enganei no piso, e quando sai do elevador fui imediatamente barrada por um segurança (mas consegui ler algures “Grandes apostas” em Inglês, claro!). Ao lado de cada Hotel/ Casino há sempre uma loja de penhores, que vende peças de todo o tipo e sempre de luxo. Graças a um engano da Agência, em Macau não tivemos direito a pequeno-almoço (Graças a Deus)...pois quando na primeira manhã chegámos à sala de refeições, e sentimos logo o mesmo cheiro a algo esquisito (o mesmo que na China e a algo que até hoje não conseguimos identificar). Resultado: ao lado do Hotel havia uma Pastelaria com Croissants, Pão de Deus e Pastéis de Nata. Esta Pastelaria tem a particularidade de ser “take away”. Aqui aplica-se o mesmo conceito das lojas de gomas que conhecemos em Portugal. Em compartimentos, estão dispostos os bolos, abrimos, tiramos com uma pinça o que queremos e colocamos num tabuleiro para depois pagar e levar. Os bolos eram bons e aqui também sentimos a presença de Portugal.
Ficámos muito perto de um dos Hotéis/ Casino mais emblemáticos de Macau – Grand Lisboa, Com uma Arquitetura emblemática, e respirando luxo por todo o lado, tive a sensação que tudo se passa por ali...sempre muita movimentação, para qualquer lado que íamos, passávamos à sua porta, sempre muitos carros de luxo lá estacionados...e sempre muita gente numa fila, no seu Hall exterior (ficamos por ali um pouco a observar e chegamos à conclusão que eram Chineses com os seus Kilos de “torresmo chinês” (foi como decidimos apelidar o “doce de porco” a que me referi mais atrás) à espera do autocarro para saírem de Macau.
Li algures que em cada esquina há um Restaurante Português...não, para os lados em que andei e tivemos das experiências mais esquisitas no que toca a comida chinesa (nesta altura já me encontrava na China há 6 ou 7 dias e ainda não tinha encontrado nada que se assemelhasse à cozinha chinesa que conhecemos em Portugal). Usam muita pimenta (verde, rosa, de todas os tipos que conhecemos) e malaguetas e muita água com coisas “borrachadas” lá dentro. Tirando o pequeno almoço, tivemos um dia inteiro (e porque, em trabalho, não tivemos tempo para procurar Restaurantes e entrávamos no primeiro que encontrávamos), em que o que nos valeu foi mesmo o pequeno-almoço e uns amendoins que alguém trazia na mala (trazido de Portugal , claro está). Ora bem...as fotos que a seguir se seguem ilustram a quantidade de pimenta e malaguetas, a comida a saber a borracha, ovos e gambas cruas, noodles sem serem cozinhados e outras coisas que mais uma vez não conseguimos identificar...Rimos muito, mas comemos muito pouco!!!!
Tenho lido muitas impressões de Portugueses sobre Macau, uns amam, outros detestam e há sempre referencias de “que se sentiram em casa”...Se me senti em Casa? Nem um momento. Há a calçada, as ruas escritas em Português, Monumentos que atestam a nossa presença, Hotéis e Ruas com o nome da nossa Capital, alguns Restaurantes Portugueses, Pastéis de Nata...mas não há como sentir-me em casa...”faltou-me o céu e o horizonte”, há demasiados chineses por todo o lado (sente-se mesmo que são muitos), muitos edifícios e néons e sente-se uma cultura completamente diferente... ...Talvez quando bebi um Sumol e comi Pão de Deus, tenha sentido a “casa”...mas só nestes momentos...De qualquer forma, vale a pena conhecer Macau e se calhar se estivesse estado lá mais tempo, até teria “amado”...

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